A sala estava meio-cheia, para a apresentação da moção. Mas nem uma só das presenças era “verbo-de-encher”; pelo contrário, gente que tem andado arredada da vida partidária (como eu, ainda que por razões diversas), mas que num passado próximo muito contribuiu para a afirmação do PS no concelho, fez questão de marcar presença. Notável a presença exclusiva de militantes descomprometidos, que, como assinalaram vários dos intervenientes no debate, não dependem da política para sobreviver. Esse é, acho, o sinal de que a candidatura precisava para confirmar a sua indesmentível capacidade para agitar a paz pantanosa que o aparelho local do Partido Socialista tem vivido.
Como um dos presentes fez questão de salientar, é muito estranho que a maior e mais humilhante derrota do PS no concelho não tenha produzido quaisquer efeitos internos. Ninguém, como brilhantemente o disse João Casimiro, está contra o partido, ou à procura de um ajuste de contas; estão todos empenhados em trazer maior riqueza à discussão política, acrescentando ao debate diferentes perspectivas da acção política; ou, como afirmou Carlos de Sousa, aquelas pessoas estavam ali porque não prescindem da sua condição de militantes. Mas é altura de propor aos mais de três mil filiados uma reflexão alternativa, um modo diferente de estar na política; é a altura de devolver aos militantes a última palavra em todas as decisões do partido, recusando as negociações de bastidores ou os compromissos de gabinete em que apenas alguns decidem o futuro colectivo.
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