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sábado, 13 de março de 2010

Santana Lopes: um gato raro em política


Separa-nos a ideologia (e outros pormaiore$...), mas gosto do estilo e da forma como ele faz política. Conheci-o relativamente bem, como “eminência parda” e ideólogo de um jornal por onde passei a correr: o defunto “O Liberal”, para o qual fui levado pelos meus amigos Eduardo Paz Barroso e Maria João Avillez.
Hoje, e por hoje, sinto-me um apoiante de Santana Lopes.
Convocou o congresso para debater ideias e dar um rumo ao PPD/PSD, como ele gosta de dizer, sublinhando a diferença relativamente aos “cristãos novos” pós-Sá Carneiro que atiraram o partido para as ruas da amargura.
Quer levar o seu partido a discutir política pura – título de uma revista que lançou e dirigiu, com Helena Sacadura Cabral, mãe de Paulo Portas, e um dos seus apoiantes inquestionáveis na comunicação portuguesa, Rui Calafate.
Quer forçar os social-democratas a não se ficarem apenas pelos nomes, tácticas, carreiras e, eventualmente, pela relação de causa e efeito que querem (man)ter com Cavaco, o mais velho, o verdadeiro líder.
Quer “dar a volta” aos fundamentos do regime. Quer mexer nas águas paradas do lodaçal da nossa política profunda, a dos peixes graúdos.
Em suma, quer fazer e discutir Política. Será crime? Às vezes até parece...
Eu também tenho fases parecidas com as do actual PSL. Como agora, por exemplo: gostava que em Famalicão, a minha Terra!, o PS voltasse a ser levado a sério e se passasse a comportar como o eixo central da acção política.
Há quem não queira perceber as minhas motivações pessoais, mas é apenas “isto” que pretendo. Não tenho absolutamente mais nada em vista: ZERO!
Já passei, há muito anos, pelos cargos e mordomias da “alta política” e… não gostei. Aquilo é para quem estômago, rins e coluna… de geleia. Não invejo, por isso, os meus camaradas que ambicionam ser tudo e mais alguma coisa. Já fui. Já experimentei. Agora, o que me importa é o futuro de Famalicão!
Mas, voltando a Santana Lopes: o que hoje se me oferece dizer é que em política, por norma, quando as raízes foram fundo e se espraiaram pela alma, a personalidade, os princípios e os valores acabam por dar frutos. Pensa-se com independência, não se adquirem tiques perversos e convive-se facilmente com o contraditório, a inveja e a subserviência. Porque facilmente se distinguem as ervas daninhas das árvores de fruto. Ou as rosas dos espinhos.
Como me fazem falta, por estes dias, os tempos do princípio…
Tenho recordado, como se fosse hoje, o meu tio Artur: entiasmava-me, com uma força contagiante indescritível, falando-me das peripécias por que passou na Acção Socialista Portuguesa, na clandestinidade, ao lado dos irmãos Cal Brandão, de Rui Polónio Sampaio, de António Macedo, de José Luís Nunes, de Manuel Ramos e de tantos outros históricos socialistas do Porto.
No princípio, um pouco como sempre faz Santana Lopes relativamente ao seu PPD/PSD, referia-se ao PS como “Partido Socialista Português”; esse mesmo, o do símbolo com um punho esquerdo estilizado e esteticamente algo… agressivo, ossificado, como aparece na capa da primeira declaração de princípios publicada em 1973 (na foto). Soube mais tarde que foi criação de um militante socialista italiano, após o congresso fundador do actual PS, a 19 de Abril de 1973, em Bad Munstereifeld, nos arredores de Bona, na Alemanha.
Em 1975, com as eleições para a Assembleia Constituinte – um forte abraço!, Jerónimo -, foi retocado e substituído por uma versão graficamente mais… amigável. Depois, com António Guterres, veio a rosa e o “punhinho” - como dizíamos entre nós nos tempos em que em Famalicão era difícil ser socialista - sofreu um restyling. Ficou melhor, mais deste tempo. Foi também quando apareceram a cor verde e a sigla PS na iconografia socialista.
Mas, as saudades são só minhas. O que agora interessa é o futuro. E palpita-me que Santana Lopes, com mais vidas do que as de um gato, está aí para baralhar o congresso, sacudir o PSD e posicionar-se já como sucessor do líder que daqui a menos de 15 dias vai ser eleito nas directas; muito provavelmente, o menos espalhafatoso dos boys da política portuguesa: Pedro Passos Coelho.
Só o eterno Marcelo o poderá afastar do regresso previsível. Estarei enganado?

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