Demiti-me oito meses depois, ao confirmar ter sido um dos poucos membros do órgão partidário que ao nível local define a estratégia e determina a acção política do PS que não foi convocado para a mais importante reunião de todo o mandato: aquela em que o presidente, que havia recebido um voto de confiança do Secretariado (o executivo que assegura a gestão política e operacional do Partido no dia-a-dia) para identificar e propor o cabeça de lista do PS à Câmara nas autárquicas do ano passado, assumiu a indigitação do Professor Doutor Reis Campos. Foi a gota de água...
A escolha terá sido aprovada por unanimidade e aclamação, conforme o comunicado de imprensa então divulgado, e "aquilo" mexeu comigo. Foi a um domingo e eu demiti-me 24 horas depois, ao saber por uma estação de rádio local do que se tinha passado.
Em Política, nunca tive vocação para figurante fingidor: quando estou, estou! Para militar, combater, participar de fio a pavio e sem abdicar de nenhum direito nem de nenhuma obrigação. Mas sempre solidário com a maioria.
Por isso, também não me pus de fora quando os mesmos Fernando Moniz e Reis Campos me convidaram para integrar a lista socialista à Assembleia Municipal. Achei que devia dar um sinal de comprometimento com o meu Partido de sempre, contra uma recandidatura de um Armindo Costa que está nos antípodas dos valores e princípios que defendo para o governo do nosso Município: aprofundamento da democracia participativa, transparência e critério na utilização de dinheiros públicos, gestão para as pessoas e visão prospectiva, antecipando tanto quanto possível as respostas sociais adequadas às carências e anseios de uma comunidade como a nossa.
Hoje, depois de a sua estratégia e o "seu homem" terem sido julgados pelo eleitorado, com uma dolorosa e enorme derrota do PS em Outubro, o mesmo Fernando Moniz, meu amigo há quase 40 anos, vai hoje, de novo, pedir a confiança dos militantes socialistas de Famalicão.
Na minha modesta opinião, não merece a reeleição. Falhou nos objectivos (políticos e eleitorais) e deixou o PS acabrunhado, derrotado, com a auto-estima dos socialistas em baixo, e sem os níveis de credibilidade e capacidade de intervenção que o PS tem de ter se quiser encarar 2013 como uma oportunidade de recentrar em si a acção política à escala local.
Coração ao largo, na minha avaliação Fernando Moniz não reúne, hoje, a maioria das condições exigíveis para liderar a maior Concelhia socialista do país. Mais: já não tem todos os atributos necessários para relançar o Partido, mobilizar os militantes e partir à reconquista e fidelização da base sociológica de apoio tradicional do PS na nossa Terra; a mesma que nos deu maiorias nas europeias e nas legislativas do ano passado.
Lamento ter de o dizer aqui, mas Fernando Moniz é hoje, infelizmente, um político profissional, de gabinete, previsível, que se faz valer, sobretudo, da sua capacidade de influência - que inegavelmente continua a ter - no interior do Partido e aos mais diversos níveis do aparelho do Estado para conseguir resultados que se poderiam obter, de forma mais eficiente e mais duradoura para o PS, decidindo colegialmente e partilhando responsabilidades. Hoje, lamentavelmente, deixou de ser o político respeitado que já foi; é visto na sociedade famalicense como o Senhor Governador, com uma imagem distante e fria, dando azo a comentários que o apoucam e são injustos, até, ao ser bastas vezes referenciado como mais um gestor de pequenas e médias sinecuras.
O PS em Famalicão está organicamente enfermo, limitado na sua capacidade de actuação política, fragilizado aos olhos da maioria dos nossos concidadãos e precisa de ser urgentemente regenerado - da cabeça aos pés, do vaso capilar mais pequeno até ao sistema nervoso central. Como? Mais próximo dos militantes, mais disponível para os cidadãos, interagindo mais com a sociedade civil, dotado de uma estratégia que vise a sua credibilização e servindo-se de agentes políticos e protagonistas menos desgastados pelo poder.
... E se mais razões não houver para, desta vez, eu lhe negar o voto, basta ir ao site oficial da Concelhia e ler, como já fez o Pedro Santos, a moção que Fernando Moniz apresentou em Março de 2008. Está lá quase tudo: as metas previstas e a forma de trabalhar nos últimos dois anos. Hoje, depois de derrota tão pesada, tudo aquilo é uma miragem... de um pesadelo! Quem quiser que confira. Basta clicar no título deste post.
Depois de tanto inêxito, subsistirão algumas razões válidas, no plano partidário ou político, para que Fernando Moniz tenha mais uma oportunidade? Pessoalmente, custa-me responder... Os militantes socialistas que ajuizem o melhor para o PS Famalicão Confio neles e acatarei, democraticamente, o seu veredicto.
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