Aí pelo ano de 1994, abandonei a militância no PS, partido que ajudei a implantar no concelho de Vila Nova de Famalicão, tendo igualmente participado nos primórdios da Federação de Braga. Terminada uma riquíssima experiência ao serviço da população da freguesia de onde sou natural, senti que já nada me ligava a uma estrutura concelhia onde os homens do aparelho de Agostinho Fernandes dominavam claramente a agenda, convertendo a arte da política numa entediante, mas por vezes tenebrosa, estrutura burocrática de Poder; a ideologia tinha sido mandada às urtigas, e a política que por cá se fazia em nada diferia daquela que qualquer autarca da direita faria. Entretanto, a ascensão dos neo-liberais no seio do partido e do Governo de Guterres, abundantemente secundado por Sócrates, ditaram a minha auto-exclusão a qualquer nível: não me revejo nesse PS, não foi esse o partido que ajudei a implantar!
Então, o que faço aqui? Em primeiro lugar, nunca pus de parte a intervenção cívica – ultimamente noutros cenários – nem consigo recusar o debate ideológico; em segundo lugar, as minhas amizades perduram para lá de todas as contingências.
Depois de uma fracassada tentativa de participação na falida CAE, onde os temas que propus para discussão foram postergados por quem dirige o aparelho partidário local (enfim, um deles acabaria por ser timidamente repescado para o programa oficial da candidatura à Câmara Municipal, mas sem qualquer discussão ou aprofundamento), estava convencido da inutilidade dos meus esforços para participar localmente. Até que surgiu um grupo de militantes do PS com vontade, capacidade e muita coragem para mudar o cenário de uma paz podre no seio daquele que deveria ser, activamente, o contraponto à desastrada política que a direita vai prosseguindo no governo municipal. Por isso aqui estou: para participar no debate, para ajudar numa guerra sem quartel à politica dos negócios.
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