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sábado, 24 de abril de 2010

Crimes, fugas ao fisco e punhos de renda: é por isto que nunca o povo falou tão mal dos políticos

Trinta e seis anos depois do 25 de Abril, coexistem em Portugal vergonhas como esta e condutas criminosas como esta. É revoltante! Não foi para isto que Salgueiro Maia e os capitães de Abril arriscaram a pele e nos devolveram a Liberdade.
É por situações aviltantes como aquelas que relatam os grandes jornais nacionais de hoje, véspera do 36.º aniversário da revolução dos cravos, que Portugal está pior do que a crise económica deixa supor: os fundamentos do regime democrático estão afectados, as raizes do modelo de organização social foram tomadas por um carcinoma que ameaça contaminar pela indignidade o Estado e os cidadãos.
Como pode haver contemplações e punhos de renda para gente que assim age? Rendeiro... Por amor de Deus, não me falem neste cavalheiro. Conheci-o, por questões profissionais, há uns 15 anos e fiquei a conhecer o superlativo da sem-vergonhice em 51 anos de vida. (E ainda não se sabe tudo sobre os sócios do banqueiro especialista em fugas várias...).
O Estado não pode ter dois pesos e duas medidas a lidar com os cidadãos. Por que há tanto receio de afrontar banqueiros de aviário, especialistas em contabilidades criativas, gestores de fortunas de proveniência duvidosa, gente engravatada que vive para exibir em público lucros fáceis e estórias tristes de fuga ao Fisco? Por que estão no ponto de mira, anos a fio, tantos empresários e gestores de PME que trabalharam no duro e foram obrigados a vender tudo o que tinham para aguentarem as suas fábricas a laborar? Para esses, há inspecções, coimas e juros de toda a espécie: da Banca, do Fisco, da Segurança Social, da Autoridade das Condições de Trabalho, da Câmara Municipal, da ASAE e de toda a espécie de organismos e entidades oficiais... Como costuma dizer-me um amigo, esses já não têm dinheiro para contratar pareceres de professores catedráticos pagos a 300 euros à linha nem sociedades de advogados famosos. Será por isso?...
A notícia que é hoje manchete no JN e no "Correio da Manhã", os dois maiores jornais diários portugueses, interpela-nos a todos nós, Famalicenses. A vítima do mais recente crime de tráfico de pessoas consumado em Portugal é um jovem de 15 anos, de Vizela, mas que estuda em Riba de Ave. Felizmente, foi resgatado pela PJ e pela Polícia Nacional de Espanha, mas ficou provado que iria ser vendido por cerca de 4000 euros para trabalhar como escravo, no país vizinho.
E Rui Pereira, a criança de Famalicão, moradora nas Lameiras, onde pára? O que tem sido feito, em Portugal e no estrangeiro, para o encontar e informar convenientemente a família? São precisas respostas urgentes!
O mundo está perigoso, é verdade, mas Famalicão, com esta mistura de desemprego, crimes vários e comportamentos desviantes, vive dias potencialmente explosivos: no plano social, podemos vir a ser confrontados com um vulcão pior que o islandês. Tenho receio disso, sinceramente.
Atente-se nas falências que têm vindo a acontecer por todo o vale do Ave; veja-se o emprego que se perdeu, o contexto social e económico em que a maioria dessas empresas há anos trabalhava e as consequências sociais, para as famílias e para o país, de tantos encerramentos forçados e... falências por conveniência$. É dramático!
É por isso que, apesar de me custar ouvir tantos dislates contra os políticos, sou obrigado a reconhecer que o povo português está descrente, sem esperança, e merece melhor do que aquilo que tem. Precisa, sobretudo, de acção política mais eficaz e de mais cidadãos nas intituições do poder democrático e nos órgãos de serviço público - de Homens e Mulheres de valor e com provas dadas, que dispensem o cartão partidário e a cunha para decidir e operacionalizar as reformas de que a sociedade e a República carecem.
É altura de mobilizarmos as nossas elites para este combate decisivo pela nossa independência nacional e o futuro, antes que os sinos comecem a tocar a rebate. A situação é de emergência!
Quanto ao resto, das minudências do dia-a-dia, nós seremos capazes de tratar, como a nossa História demonstra. Sem nos termos de vender a ninguém! Nem a Espanha nem ao FMI.
Pessoalmente, confio nos portugueses. A começar pelos Famalicenses!

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